14 de out. de 2010

Entrevista com o diretor

Reproduzimos abaixo a entrevista do site Página do Cinema com o cineasta Flávio Ramos Tambellini:

(...) Essa é a terceira vez que Tambellini se inspira na literatura brasileira para dirigir seus filmes. O primeiro foi “Bufo & Spallanzani”, de Rubem Fonseca, e depois, “O Passageiro”, baseado na obra de Cesário Melo Franco. O diretor não planejava filmar mais uma obra literária, mas quando o ator Marcelo Serrado o apresentou a este projeto, teve a certeza de que aquele romance deveria ser um filme.

Para compor um elenco que reunisse atores de teatro e de cinema, o diretor trabalhou com a produtora Ciça Castello. Além do casal protagonista, o filme traz Marjorie Estiano, Otávio Martins, Daniela Galli, Maria Manoella, Thelmo Fernandes e Dani Suzuki. Nesta entrevista, Flávio Tambellini conta como foi a adaptação do roteiro, fala sobre a escolha do elenco, explica a importância da trilha sonora e comenta sobre seu novo projeto.



Como “Malu de Bicicleta” chegou a você?
Já conhecia o livro, mas a ideia de adaptar para o cinema partiu do Marcelo Serrado, que me procurou para dirigir. Ele tinha um roteiro pronto escrito pelo Bruno Mazzeo e João Avelino. Mas eu queria fazer parte daquele processo desde o início, então recorri ao Marcelo Rubens Paiva, que assina a versão final do roteiro.

Que elementos mais te chamaram atenção na obra de Marcelo Rubens Paiva e te fizeram perceber que daria um bom filme?
O relacionamento amoroso entre os protagonistas. Já estava querendo fazer um filme que abordasse o amor e o ciúme de uma maneira contemporânea, na era da Internet, onde tudo acontece ao mesmo tempo e muda constantemente. É um tema que está muito atual, basta olhar as páginas dos jornais. Além disso, o livro tem uma conexão entre Rio e São Paulo e mostra as diferenças de cada estado.

O fato de você dirigir mais uma obra literária é coincidência?
É coincidência, mas pensando bem, é interessante transformar livros em filmes porque a obra já traz uma dramaturgia pronta e com o desenho dos personagens, que é muito difícil de criar. Apesar disso, gosto de dar uma mexida no livro, não coloco na tela exatamente igual ao que foi publicado. No caso de “Malu de Bicicleta”, foi fácil adaptar o roteiro porque o Marcelo Rubens Paiva é uma pessoa muito ligada em cinema. Ele escreve meio cinematograficamente. Gosto de trabalhar junto com os autores, sempre respeitando a essência dos personagens.

Como foi o processo de roteirizar o filme? O que vocês quiseram priorizar?
A gente tem que se concentrar na história que quer contar. Uma das principais mudanças no roteiro é que o livro é passado em várias épocas, conta a vida do personagem do Serrado desde criança. Foquei na história atual e tornei o personagem mais rico, um cara ativo, que é ligado em cultural. Tirei todos os flashbacks que a obra traz.

Como foi a escolha do elenco?
Não podia pensar em outro ator para fazer o Luiz Mário sem ser o Marcelo, que me apresentou o projeto. Depois dele, o mais importante para mim era achar a Malu. Não queria uma atriz muito conhecida, queria que o filme tivesse o fator surpresa. Fizemos diversos testes de elenco até encontrar a Fernanda de Freitas. O jeito dela encaixou perfeitamente no personagem. Precisava que a Malu fosse solar, tivesse um jeito de moleca, que jogasse futebol, pegasse onda, andasse de bicicleta. Também gosto muito de trabalhar com atores que tenham experiência no teatro, como o Thelmo Fernandes, o Marcos Cesana, o Otávio Martins, a Maria Manoella e a Daniela Galli. A Ciça Castello, produtora de elenco, ajudou bastante nesse processo.

Como se saíram Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas como casal protagonista?
É fundamental que o casal tenha química. Nós três trabalhamos muito os personagens juntos e o Marcelo e a Fernanda ficaram amigos, conversavam ao telefone fora das filmagens como se fossem os personagens. Isso criou uma intimidade legal entre os dois que foi passada para as telas.

O Dado Villa- Lobos fez a trilha do seu primeiro filme. Como foi retomar essa parceria?
O Dado estreou fazendo trilha para cinema em “Bufo” e nos demos muito bem. Ele é muito talentoso e disciplinado, queria muito voltar a trabalhar com ele. A trilha é um ponto forte do filme, temos o privilégio de contar com uma canção original que o Fausto Fawcett fez em cima da história do filme. O Dado preparou uma trilha muito solta, tem todo o tipo de música. Queria fazer a trilha com um lado dance/house com o clima da noite paulista, bem eletrônica e dançante. Tem um lado romântico, que é a história dos dois (Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas) e também o lado misterioso, que é uma trilha onde ele tem os acessos de ciúmes e de loucura.

Como foram escolhidas as locações para a filmagem?
Filmamos três semanas no Rio de Janeiro e uma em São Paulo. No Rio, as cenas são solares, mais descontraídas. Em São Paulo o ambiente é mais de trabalho, de balada, chuvoso. São cidades de belezas diferentes. No Rio, as locações foram Arpoador, Pedra da Gávea e Leblon. Na capital paulista, fomos para a Praça Pôr do Sol, Mercado Municipal, Avenida Paulista e Monumento aos Bandeirantes.

Quais são seus novos projetos?
Estou tentando uma coprodução para o meu próximo filme, “O Roubo da Chácara do Céu”, que não será baseado em nenhuma obra literária. É uma ficção sobre o roubo de uma obra de arte no museu que fica em Santa Teresa, Rio de Janeiro. 
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Fonte: Página do Cinema: FLÁVIO TAMBELLINI - Diretor exibe "Malu de Bicicleta" no Festival de Paulínia

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