23 de set. de 2010

Entrevista com Marcelo Rubens Paiva



A Palavra!, assessoria de imprensa do filme, entrevistou "O Cara" autor do livro que inspirou o longa "Malu de Bicicleta". O resultado final desta adaptação poderá ser conferido em breve em um cinema mais ou menos próximo de você! 

E semana que vem já tem sessão no Festival do Rio. Fique de olho! E confira essa entrevista que está cheia de detalhes bacanas sobre o envolvimento do Marcelo com o filme. O escritor é quem assina o roteiro final do longa.


Malu de Bicicleta foi a sua volta aos romances depois de oito anos dedicados ao teatro. Como foi esse processo?
Marcelo Rubens Paiva: Eu escrevi Não És Tu Brasil em 1996 e foi bem desgastante, porque envolveu meu passado, família, anos de pesquisa, passei por um mestrado e quando terminei eu escrevi minha segunda peça, E aí, Comeu?. A partir disso eu passei a ser muito requisitado pela classe teatral, me apaixonei mesmo pelo teatro e pensei: “chega de romance, acabou”, porque era realmente muito cansativo. Até que essa história do cara ciumento apareceu na minha cabeça. Como eu sou um boêmio, e tenho amigos boêmios, acabo ouvindo muitas histórias. Foi aí que me veio essa, até um pouco inspirada em Dom Casmurro, pegando esse lado do ciúmes doentio. Eu até achei que iria ficar só no teatro, mas não resisti. 

Esse é o seu segundo livro adaptado para o cinema. O primeiro foi Feliz Ano Velho, em 1987. Qual é a sua expectativa de ver outro romance nas telas depois de duas décadas?
MRP: Minha expectativa é maravilhosa. Eu não participei de nada no Feliz Ano Velho, que teve o roteiro e a direção de Roberto Gervitz, até porque eu tinha na época 23, 24 anos e não sabia muita coisa, estava nascendo nesse mercado.  O Malu veio depois de vários livros, várias peças e até alguns roteiros, mas depois de muita experiência literária, de ter visto diversos filmes e ter um amadurecimento muito maior. Quando o projeto do filme começou eu não estava entre os roteiristas, mas ao longo do processo eu resolvi entrar. Tinha acabado de fazer o roteiro de No Retrovisor, em que o Marcelo Serrado também atuou, então eu estava com a mão de roteirista no teclado. Já fiz mais três depois disso e fui ao set de filmagens para aprender o que é “filmável” e o que não é, como se faz um filme e conseguir enxergar o que encarece uma produção. Vi que não era o que eu imaginava. A partir de agora já tenho o panorama, porque convivi com essa filmagem. Considero o Malu meu primeiro filme adaptado, com envolvimento com a produção e etc.

Como foi transformar o livro em roteiro? A obra traz muitos detalhes da vida do Luiz (personagem de Marcelo Serrado) que não estão no filme. Foi difícil tirar algumas partes da história? O quanto isso foi fundamental para aprimorar o roteiro?
MRP: O livro é dividido em três partes: a construção desse homem mulherengo desde a sua infância, sua relação com a babá, com as suas primas, as experiências na escola e faculdade, a rotina do dono de uma balada, e etc. Quando pensei em criá-lo tentei pensar no tipo de homem conquistador pelo qual as mulheres enlouquecem. Eu sempre achei que as mulheres ficam loucas por homens de balada, e então criei esse personagem. Como conheço esse perfil, sei que são pessoas sedutoras. A terceira parte do livro é a relação com a Malu, quando o personagem se cansa da “galinhagem”. A alma do livro é esse terceiro capítulo, e não é à toa a obra que se chama Malu de Bicicleta. Para o filme eu enxuguei esses dois primeiros capítulos em 10 minutos, só apresentando o personagem, e então nos aprofundamos na história que levanta um ciúme doentio num homem que conhecia todas as mulheres da cidade e que achava que tinha o domínio da situação. A adaptação não é integral, mas é a parte que mais gosto do livro. 

A história gira em torno de um homem mulherengo que se apaixona cegamente e passa a desconfiar da sua amada. Essa temática poderia fazer da obra Malu de Bicicleta uma espécie de Dom Casmurro moderno?
MRP: Eu não tenho a pretensão de ser comparado ao Machado ou ao Dom Casmurro. O Malu de Bicicleta tem um pouco de Dom Casmurro, sim, mas também de Otelo, Madame Bovary e diversos outros romances, em que essa coisa de amor descontrolado e ciúmes doentio estão presentes.


Fonte: pressbook, por Palavra! Assessoria em Comunicação.

2 comentários:

  1. Chega janeiro, mas não chega dezembro rsrs

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  2. Será que ele vai parar de escrever romances??
    ja li quase todos, estou agora com "A Segunda Vez que Te Conheci" muito bom ainda, porém não melhor que Malu. ;)

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