27 de jan. de 2011

Entrevista com Marcelo Serrado

Por ocasião do lançamento do filme "Malu de Bicicleta", a Palavra! - assessoria de imprensa do filme - entrevistou o ator Marcelo Serrado, que na trama interpreta Luiz Mario. Em 2010, Serrado venceu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Paulínia, ao lado de sua parceira de cena Fernanda de Freitas, que levou, no mesmo festival, o prêmio de Melhor Atriz. Que dupla! Muito em breve, em 04 de fevereiro, você poderá conferir o talento e entrosamento desses dois na telona. Consulte a programação de sua cidade. 

Palavra!: Em 2007 você levou o romance No Retrovisor, de Marcelo Rubens Paiva, para o teatro. Como surgiu a ideia de filmar o livro Malu de Bicicleta, do mesmo autor?
Marcelo Serrado: A ideia foi do Paiva e aí mostrei para o Flávio (Tambellini) e tudo se encaixou. Sempre achei que o livro daria um filme bacana, pois a história permite adaptação. O Flávio já havia me convidado para fazer Bufo & Spallanzani, mas na época eu não pude. Agora calhou de fazermos esse projeto e conseguimos trabalhar juntos.

P: Como você se aproximou do universo do escritor para compor o personagem? Há muita diferença entre o Luiz Mario do livro e o do filme?
MS: O Luiz do livro aparece no filme com muita tinta. Há muita coisa nele que não tem no livro, mas que coloquei nas entrelinhas. A essência está lá no livro, mas tentei evidenciar aquela coisa meio Otelo, em que o ciúme vai corroendo por dentro, junto com a insegurança e com a loucura. O personagem é um cara muito inseguro, que não sabe lidar com a paixão dele, não tem a noção exata do que representa um amor verdadeiro. Esse foi o ponto que eu mais tentei trabalhar para o cinema.

P: O filme começa mostrando de um Luiz conquistador, com um tom até machista. Pouco a pouco ele vai se desmontando para dar vez a um protagonista romântico, apaixonado e inseguro. Como você trabalhou essa mudança sem deixar o personagem cair no clichê?
MS: Sinceridade, sendo o mais natural e verdadeiro, fazendo as cenas com verdade. A comédia já estava no texto, por isso deixei que as cenas falassem por si só. O filme não tem na sua essência uma comédia boba, mas uma comédia de cotidiano, e por isso acho que as pessoas vão se identificar.

P: Como foi trabalhar sob a direção do Flavio R. Tambellini?
MS: O Flávio é um diretor muito aberto, daqueles que permitem que se acrescente à cena. Ele permite mudanças, que se faça de uma forma diferente, que se brinque com as cenas. Com certeza ele é um grande amigo e parceiro. Talentosíssimo. É generoso e sabe exatamente o que quer e como chegar num ator, sem ser autoritário. 

P: Fica evidente no filme que existe uma química entre você e a Fernanda Freitas.  Como foi contracenar com ela? E com os outros atores do elenco?
MS: Fernanda é de uma grande entrega. Ela faz tudo com verdade e se joga. Fizemos um workshop e deu para notar que não tem meio termo, ela faz o personagem. Ela é uma atriz pronta para qualquer trabalho. Foi nosso primeiro trabalho juntos, mas quando ela fez o teste o Flavio e o Marcelo pediram a minha opinião, e eu disse que ela era ótima. Ela tem a cara da Malu, com um ar misterioso. Além de ter aquela coisa do cinema, a câmera gosta dela. Caiu como uma luva. Os outros atores são ótimos também, como o Cesana (Marcos Cesana), que faleceu esse ano e foi uma indicação minha. Era um grande ator e amigo!

P: Num país onde a cultura visual muitas vezes predomina sobre a escrita, qual é a importância de retratar a literatura brasileira nas telas?
MS: Sempre importante falar da gente, mas essa história é universal. Apesar de ter como pano de fundo o Rio e São Paulo, as histórias do Marcelo permitem que sejam mostradas em qualquer lugar. 

P: Como você se preparou para viver o personagem em duas cidades tão diferentes, como Rio e São Paulo?
MS: Basicamente sem carregar no sotaque e tentando ser convincente. Eu tive a ajuda da preparadora de elenco Maria Silva, que me ajudou muito também. A postura do personagem muda um pouco, porque em São Paulo ele fica mais solto, com os amigos e a intimidade com a vida noturna. No Rio ele fica mais preso, menos confortável, já que ali não é a sua cidade. 


Palavra!, 2010.

Fotos: David Peixoto (Still - Malu de Bicicleta)

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